segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Atividade "sombra"
Na terça-feira, dia 2/08 realizei a atividade de sombra novamente. Pude acompanhar três usuários do serviço, um em consulta médica, outro na consulta odontológica e por fim uma consulta de enfermagem.
Antes de relatar cada uma, achei curioso um fato que aconteceu. Na terça passada estava na sala de espera e vi uma senhora sendo muito mal educada com um funcionário da recepção, devido à perda de seu cartão pela equipe e conseqüente atraso na consulta da paciente. Nesta semana, quando estava conversando com uma das pacientes que acompanhei, esta mesma mulher veio falar comigo e me perguntou se eu atendia em ambulatório naquela UBS. Expliquei que faço um outro estágio naquele local e ela me disse que é muito ansiosa e nervosa e que faz acompanhamento psiquiátrico, mas que também gostaria de fazer acompanhamento psicológico. Orientei a mesma sobre as possibilidades, uma vez que faz acompanhamento no HU. Claro que não podemos justificar o jeito como ela tratou aquele funcionário naquela ocasião, mas acredito que esta usuária evidencia questões importantes que ela tem e que influenciam no seu jeito de ser com as pessoas.
A paciente que passou em uma consulta médica tem 52 anos, veio até a UBS sozinha e utiliza os serviços da mesma com freqüência. Marcou esta consulta para fazer uma mamografia, pegar uma nova receita dos medicamentos de pressão e ver algumas verrugas que ela tem no pescoço. A médica explicou para ela que ela já tinha uma consulta agendada seguindo a necessidade dos exames e que a receita ela poderia retirar sem passar na consulta, uma vez que eles a acompanham com freqüência. Com relação às verrugas, as causas das mesmas foram explicadas e foi pontuado que elas não causam nenhum mal à saúde. Mesmo assim, ela preferiu tirá-las e a médica a encaminhou para um outro profissional especializado na área.
Na consulta odontológica acompanhei um menino de cinco anos. Enquanto esperávamos a consulta falei com uma prima dele que cuida do menino e tem 17 anos. Ela estava com sua filha de 8 meses. Foi muito estranho ver quatro crianças que estavam juntas sendo cuidadas por uma adolescente. Segundo ela, é ela quem traz eles para as consultas e ela utiliza a UBS para tudo que precisa.
O menino deixou a dentista fazer os procedimentos sem resistência, característica ressaltada pela profissional como rara em crianças desta idade. Fez um tratamento de canal e uma restauração e teve alta desta especialidade.
Ele estava com roupas sujas e as crianças que estavam juntas pareciam não ter os hábitos de higiene necessários.
Acredito que são pessoas que vivem em área de maior vulnerabilidade e eu fiquei preocupada ao ver toda aquela situação.
A última paciente que acompanhei foi uma gestante de 19 anos. Ela havia passado com o médico e conseguiu um encaixe para a consulta de enfermagem. Estava ela e seu namorado, de 18 anos. Segundo ela, é a primeira vez que ele a acompanha em uma consulta, pois todas as outras vezes estava trabalhando.
Ela demonstrou não saber para que servia este tipo de consulta e se mostrou um pouco impaciente pela demora do atendimento (cerca de uma hora). Durante o atendimento se mostrou preocupada com sua gestação e demonstrou sua tentativa de seguir todas as recomendações. Engordou quase vinte quilos e isso pareceu preocupá-la. Está visivelmente ansiosa com a proximidade do nascimento de sua filha e com certeza isso aumenta sua vontade de comer, principalmente alimentos mais calóricos.
Neste dia o que mais me incomodou foi a adolescente cuidando de outras crianças e a falta de noções básicas para isso. Fiquei pensando como será o futuro destas crianças e não consegui imaginar formas imediatas para mudar esta realidade.
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Amanda, gosto muito de como você faz uma reflexão sobre o que observa na UBS utilizando sua experiência acadêmica na Psicologia.
ResponderExcluirÉ por isso que é tão interessante o trabalho multidisciplinar, e esperamos que vocês vivenciem muito isto no PET.