Com a ajuda do tempo, que nos contemplou com um dia ensolarado, seguimos
as nossas atividades com a realização de visitas domiciliares (VDs). Isabela
e eu acompanhamos a Ângela (ACS) em quatro VDs. Todas as visitas foram
realizadas na área azul, área atendida pela Dra. Katia.
Primeiramente, visitamos a senhora Francinete, percebi que
ela ficou um pouco incomodada ao nos avistar do outro lado do seu portão, parecia
que estava preocupada/envergonhada em nos receber em sua casa e acredito que
isso ocorreu devido a minha presença e a presença da Isabela, até então duas
estranhas para ela. Com o passar do tempo ela foi ficando mais à vontade, a
Ângela de uma forma bem natural e possibilitando o diálogo entre as respostas
perguntou a ela se estava tudo bem, perguntou sobre os medicamentos que ela
estava usando e verificou datas de consultas. Francinete revelou-se uma
paciente poliqueixosa, mas as suas principais queixas eram contra alguns dos
medicamentos que ela estava fazendo uso. Ao término da vista a Ângela nos
contou que além de osteoporose Francinete tinha câncer de pele, duas doenças
que a meu ver podem estar relacionadas.
Nossa segunda visitada foi a senhora Rosa. Rosa sofre de mal
de Parkinson e caminha com o auxílio de um andador. Ela nos recebeu já dentro
de sua casa sentada em seu sofá. A agente “entrevistou” Rosa da mesma maneira
que havia “entrevistado” Francinete, fazendo basicamente as mesmas perguntas.
Rosa além de Parkinson tem hipertensão e diabetes. Em meio a conversa que se
instalou durante a visita, Rosa disse que não sabia porque ela era diabética, visto
que ela praticamente não consumia doces. Nesse momento eu como estudante de
nutrição me senti no dever de tentar explicar para ela que a alimentação não
era o único fator determinante desta condição e assim, percebi na prática o
quanto é difícil adaptar a linguagem técnica a uma linguagem popular.
Dando continuidade as nossas visitas chegamos à casa do
Davi, uma linda criança de apenas cinco meses. Isabela e eu verificamos o seu
caderninho de vacinas e vimos que haviam duas programadas para esta semana
(12/11 e 13/11). Nesta visita senti a Ângela um pouco distante, ela disse que não conhecia a mulher que estava com a criança, a tia do Davi, e
talvez este tenha sido o motivo do seu distanciamento.
Por fim visitamos a senhora Regina. Está foi a casa onde a
Ângela ficou mais à vontade, ela e a Regina são amigas. Regina fica a maior
parte do tempo em casa com sua neta a Agatha. Regina tem pressão alta. Ela
apresentou poucas queixas durante a entrevista, mas também reclamou do
medicamento que estava usando, disse que ele lhe causou tonturas e que por isso
ela havia interrompido o tratamento por conta própria. A
agente a orientou a contar à médica que ela não estava tomando os remédios. Com base no que foi relatado pela Regina e pela Francinete (1° vista)
pude notar que as duas culparam os medicamentos por sintomas que talvez não
tenham sido causados por eles. Ao término das visitas voltamos à UBS finalizando
a nossa atividade.
Que bom que suas visitas renderam algumas reflexões, Aline! Por exemplo, sobre como pode ser invasivo chegarmos à casa de alguém que não nos espera, ou sobre a importância da adaptação da linguagem técnia à cotidiana para otimizar a comunicação e o compartilhamento de informações. Isso pode ter grande influência sobre a aderência dos pacientes ao plano terapêutico.
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