A proposta de atividade do dia 26/10 foi que em dupla acompanhássemos uma ACS em algumas visitas domiciliares. Eu e o Mateus acompanhamos algumas visitas da área amarela: fomos com a ACS em uma determinada rua e passamos em todas as casas que eram cadastradas na unidade e que tinha alguém em casa. Uma das características dessa área é a grande presença de moradores idosos e isso pode ser observado durante as visitas, pois das 7 casas que passamos 5 tinha um ou mais moradores idosos.
Durante a visita e observando a abordagem feita nas casas percebi que o foco estava bastante na doença. As perguntas feitas pela ACS eram relativas ao controle da pressão arterial e da diabete ( doenças bastante prevalentes nas casas visitadas), se os remédios estavam sendo tomados regularmente e como estava a saúde do resto da família. Outra demanda que surgiu durante uma visita foi a solicitação de marcação de consulta. Alguns moradores relataram mais detalhadamente como estava a saúde e outros eram mais concisos. No geral achei a visita bem breve e senti falta de serem abordados outros temas, que não só referentes ao controle de doenças. Porém, a ACS que nós acompanhamos era bem nova na função, então o tipo restrito de abordagem feito por ela pode ser justificado por isso. Ela ainda não tem muita experiência na função.
De forma geral, considero que a visita domiciliar pode ser uma forma potente de promoção a saúde, pois o contato com a população é muito próximo e a formação de vinculo é potencializada. Além disso, o conhecimento das famílias e dos problemas que elas enfrentam é muito maior, e assim, podem ser propostas intervenções mais eficazes e que faça sentido no para as pessoas. Por outro lado, considero que a visita domiciliar também pode ser uma forma invasiva de intervenção, pois você tem um conhecimento muito mais profundo da família e adentra seu contexto, sua casa, seus problemas, fala o que está certo e errado em sua saúde, dessa forma o "controle" sobre a saúde do outro pode ser muito maior. Considero que esses aspectos devem ser sempre ponderados e avaliados para que a visita domiciliar seja efetivamente um instrumento de promoção de saúde da população e não de controle social.
Olá, Nicole! Você foi muito observadora e perspicaz. É realmente tênue a linha que separa as visitas para "orientação e promoção à saúde", da "invasão" e "ofensa do entendimento e crenças da pessoa". O fato de os ACSs já serem da comunidade ajuda bastante, pois eles falam a mesma língua, e costumam saber como lidar com a crença mais vigente naquele território! Mesmo assim, não é tarefa fácil acompanhar tantos idosos com tantas comorbidades e demandas e dúvidas... saber se estão tomando os medicamentos, indo às consultas, e ainda promover saúde sem invadir a privacidade... Muito bom o relato! Abraço, Carol
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