quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Encontro do dia 16/01 e considerações sobre violência

A proposta de hoje era a de que observássemos o grupo de Tai Chi Chuan, no intuito de conhecer um grupo oferecido para os idosos ( que é o publico-alvo do nosso projeto). Houve uma confusão sobre em que local  era oferecido o grupo e acabamos perdendo sua realização. Por conta disso, conversamos com a Carol e participamos da reunião da equipe amarela com o NASF.

Durante a reunião alguns casos foram discutidos e, posteriormente, profissionais do NASF trouxeram a ideia de retomar o grupo de cuidadores de idosos, com o intuito de formar uma rede de apoio entre eles. Essa ideia tem bastante relação com o tema do nosso projeto ( violência contra idosos) pois se o cuidador não está sendo cuidado a chance de que ele cometa uma violência ( de qualquer tipo, não somente física) é maior.

Também foi comentado sobre a ideia da criação de um grupo mais próximo dos moradores da área amarela ( que é um território grande e alguns pontos são de difícil acesso para a UBS, principalmente para os idosos). Nesse grupo, a ideia é que em cada encontro um profissional de algum grupo já existente na unidade proponha uma atividade, ex.: um dia Tai Chi Chuan, outro dança circular, outro caminhada etc. Uma dificuldade relatada pelos profissionais é em relação a quantidade pequena de pessoas que aderem/frequentam os grupos.

____________________________________________

Sobre a questão da violência de forma geral

Essa semana participei de um curso de Comunicação Não-violenta (CNV) e aprendi muitas coisas interessantes que tem haver com o tema dos nossos projetos.

Essa prática parte da hipótese de que todas as pessoas tem necessidades universais ( ex.: justiça, segurança, amor, compreensão, sossego etc) e a causa de um estado que a pessoa se encontra é o acender de alguma necessidade. Dessa forma você sempre vai se reconhecer no outro ( já que as necessidades são universais)

Uma comunicação empática tem como base o interesse em perceber o que a outra pessoa quer dizer com o que ela está dizendo ( quais necessidades estão acesas nela naquele momento), é aprimorar a escuta.

A CNV tem mais haver com honestidade no que se fala do que com a suavidade na forma de falar ( pois você pode ser violento falando de forma suave, e ser honesto no que está sentindo falando de forma enfática).

Ouvir de forma não-violenta seria:

- Interesse no que o outro está falando
- Perceber o que a pessoa está sentindo no momento
- Tentar identificar as necessidades que estão vivas ( e conferir com a pessoa, porque nem sempre a sua percepção vai estar certa)

Exemplo: Quando um pai xinga o filho de maloqueiro e  irresponsável o que ele pode estar querendo dizer é que ele se preocupa com o fato de achar que o filho não se preocupa em arrumar um trabalho.

É importante praticar o silencio ativo ( interesse em entender o que a pessoa está querendo dizer, ao invés de só falar o seu ponto de vista)

Outra coisa que eu achei importante é que quando uma pessoa é atacada por outra é comum que ela se faça de vitima ( entendendo vitima como um estado em que as condições para o bem-estar está fora do alcance de suas mãos) ou que ela rebata.

Para sair desses papeis é necessário primeiro se responsabilizar pelo que se sente ( entendendo responsabilidade não como se culpar, mas como habilidade de responder à ) e descobrir as necessidades que estão vivas em você e trabalhar com isso.

Outro aspecto importante que foi falado é que quando a pessoa se viola ( comete alguma violência consigo mesma) é muito provável que ela cometa violência com o outro. Isso me fez pensar muito nos cuidadores que maltratam o idoso de alguma forma, pois muitas vezes eles estão se violentando também ( sendo sobrecarregados, anulando seus desejos etc)


Quando você prática a CNV você sai do lugar em que você está ( sai da situação de um dominar o outro e parte para uma relação mais horizontal)

Por fim, na CNV paz é entendida como: necessidades atendidas para todos, o que significa que enquanto tiver uma pessoa passando fome, uma pessoa com condição de moradia ruim, uma pessoa não sabendo o que é ser amada etc, não existirá paz.

Outra coisa que é importante frisar é que a não-violenta é interessante pro estado, pois é importante que as pessoas que vivem em péssimas condições continuem quietinhas no seu canto, sem incomodar ninguém, sem reclamar de sua situação, portanto essa noção de não-violência não se refere a apatia e passividade e sim honestidade no que se fala, possibilidade em ouvir e ser ouvido e satisfação das necessidades acesas.

"Do rio que tudo arrasta se diz que é violento, mas ninguém diz violentas as margens que o oprimem" Berthold Brecht

Para quem se interessar em mais informações:

Vídeo: O Dom da comunicação não-violenta: http://www.youtube.com/watch?v=Frg2Qc2AzCs


Livros:
  •  Comunicação não-violenta, Técnicas para Aprimorar Relacionamentos Pessoais e Profissionais- Marshal B. Rosenberg
  • Como a não-violência protege o estado - Peter Gelderloos


Um comentário:

  1. Nicole, que post maravilhoso, com informações noavs e relevantíssimas à prática de todos que trabalham com seres humanos (e também para o nosso dia-a-dia!).
    Podemos discutir mais sobre isso na nossa próxima reunião geral, pois acho importante para todos do PRO PET!
    beijo

    ResponderExcluir